sábado, 31 de maio de 2008

Redenção

Chegada minha hora, caminhei até o carro vagarosamente, apesar de estar tomado pela animação típica de uma criança que descobre um novo brinquedo. Fazia frio. O vento recebeu de maneira hostil o meu primeiro passo pra fora da porta, mas não me intimidou. Já havia resistido à ataques com certeza muito piores do que aquela simples brisa que brindava meu rosto com sua frieza...

O carro estava quente, fechei as janelas para evitar o vento. Eu gosto da noite. É algo que ao mesmo tempo torna tudo claro e misterioso, conferindo uma atmosfera interessante... Percorrendo as ruas vazias, minha animação já se tornara algo que não entendia bem...indiferença talvez... medo, talvez... solidão, talvez...As lembranças do que fiz vieram à tona de maneira abrupta. Não me arrependo de nada, apesar dos estragos. Muitos deles até merecidos.

Cheguei ao bar numa hora qualquer, isso não me importava muito, na verdade. Precisa tomar algo bom...era um daqueles momentos que precisa de um pouco de descanso e distração, como todo homem precisa. Ninguém é de ferro, diz o velho ditado. Me sentei e cumprimeitei meus nobres companheiros de mesa, que estavam lá apesar de tudo. Foi uma prova à mim mesmo de que tudo que não mata fortalece...malditos ditados clichês...no fim realmente possuem alguma sabedoria.

O clima era estranho. Já dizia um mestre que tenho que nada sabemos sobre relações, elas são invisíveis e por isso mesmo se tornam duvidosas. Burrice minha, pra variar. Claro que relações existem! Quem disse que não? Pra que ficar pensando esse tipo de coisa? indiferença, talvez...medo, talvez...solidão, talvez. Não que a solidão seja um problema, afinal, minhas escolhas me trouxeram a tal solidão e eu aprendi a lidar com isso até bem, eu acredito.

Depois da minha última dose, os outros ao redor da mesa se multiplicavam já de maneira ruim. Gente que nem conhecia. Me faltou paciência pra isso. Hora de ir. Me despedi da melhor maneira que pude daqueles que realmente me importavam. Caminhei até o carro com uma certeza: Havia dado meu primeiro passo, e provavelmente o mais difícil. Com um pouco de calma, talvez eu recupere algo que restou depois dos meus impulsos destrutivos, se tiver restado alguma coisa.

E a minha caminhada rumo à redenção começou.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Bicho de sete cabeças

Um dia meu pai me falou: Se te derem limões, faça uma limonada.

No fundo, talvez a idéia seja não transformar um pequeno trabalho num grande problema, que na verdade, ele não é. São só limões, e nada mais. Nada de grandes dramas, nem grandes sofrimentos. Apenas limões. Acho que andei amplificando meus limões ultimamente, talvez até demais.

De qualquer forma, uma limonada sempre é bom, não? Começo a achar que limões grandes vão me render mais limonada, vou aproveitar por mais tempo... Está na hora de começar a fazê-la.

Não é justo, porém, que eu aproveite sozinho...eu não plantei meus limões sozinho. Tive colaboração... todos nós sempre temos colaboradores, mesmo que eles admitam isso ou não. Mesmo que eles finjam que nada fizeram. Mesmo assim, quero dividir minha limonada, fazer com que outros também aproveitem. Espero conseguir, estou disposto a tentar.

Cresça e desapareça!

sábado, 10 de maio de 2008

Sangue, suor e lágrimas

Depois daquele dia, tudo que queria era um pouco de paz e, quem sabe, a chance de reconstruir o pouco que me restara. Na mesma rapidez com que apareceu, essa chance parece querer ir embora de novo, levando de vez o pouco que me restou.

Não vou permitir que isso aconteça, por mais que meu cansaço queira me vencer.

As atitudes das pessoas me impressionam por vezes. Na verdade, não sei bem se tais atitudes são motivadas por um arrependimento ou coisa do tipo, ou se por algum outro motivo que, sinceramente, prefiro nem saber. Até por que não me importam. Ao mesmo tempo, também existem aquelas atitudes que surgem de pessoas inesperadas e que são, com certeza, uma boa surpresa e um incentivo. Engraçado como as pessoas mais importantes ás vezes são as mais distantes, a as mais próximas são aquelas que não deviam ter tanta importância assim.

Coisas que a vida ensina.

A vida nos ensina pra aprendermos a colocar as coisas nos seus devidos lugares, os sonhos nos seus devidos lugares, bem longe das ilusões. Ilusões e sonhos são coisas diferentes que as vezes nos confundem... o resultado disso não é muito bom, eu creio. Creio que a recompensa, afinal, deve vir e a esperança deve ser a última que morre mesmo, confirmando o velho ditado clichê.

Simples devaneios...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Os donos da verdade

Somos todos donos da verdade.

Somos donos da nossa verdade. Cada um na sua própria visão de mundo e do alto das suas experiências, que achamos tão mais importantes e marcantes que as dos outros. Do alto de nossa superioridade moral inabalável julgamos e fazemos o que bem entendemos de nossas vidas. Mas e os outros? Passamos por cima dos outros como se nada fossem. E nada são.

Somos donos da verdade. Os outros não passam de "outros", meros participantes temporários de nossas tão importantes vidas individuais. Que diferença faz se gostam ou não? Que diferença faz o que pensam? Vivemos uma guerra. Uma guerra moral, à procura de privilégios e status que merecemos receber de todos, afinal, somos os donos da verdade. Muitas vezes provocamos danos irreparáveis ao nosso redor em nome da verdade, e gostamos de ver o que fazemos.

Já dizia o grande escritor: "Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas". Espero não estar esquecendo o significado desta singela frase. Espero que cada um de nós não esqueça.


P.S. Na minha última postagem, recebi meu primeiro comentário nesse blog. Claro que não deixaria isto passar em branco:
Muito obrigado!