quarta-feira, 23 de abril de 2008

Realidade?

MÁGOA: S.F. desgosto, pesar, tristeza (dicionário)

Depois de terminados aqueles trabalhos braçais que de costume faço, comecei o meu caminhar pelos corredores. Naquele dia era diferente. Tomei direção diferente daquela que tomo nos outros dias, sem muita certeza se o que faria era certo. Caminhava sozinho, a tarde cinzenta se fechava sobre mim, a chuva talvez querendo me trazer algum aviso...não sei.

A dúvida persistia enquanto o corredor se ampliava diante de mim. Atrás de suas portas rostos se viam, uns conhecidos, outros anônimos, alguns reagiam à minha presença, outros nem me notavam. Caminhava sozinho enquanto as portas se mostravam como possibilidades, quase que me atraindo para algum outro destino. Diante de uma delas eu parei, e os rostos não perceberam que ali eu estava a observar, calado. A chuva caía e o sol se escondia do lado de fora, apenas a luz superficial e pálida me atingia diante daquela porta.

A porta se abriu e a realidade poradoxal e cruel se mostrou finalmente. Mas seria mesmo aquilo a realidade? Não ouso procurar saber a resposta, a dúvida que me atormentava agora se tornara medo. Ilusão e realidade agora se misturam num turbilhão perigoso prestes a me tragar numa viagem provavelmente sem volta. Mas resisti. Ali parado, a situação parece querer mostrar se é real ou não, não sei....a chuva talvez querendo me trazer algum aviso...

Comecei minha caminhada rumo à saída. Caminhava sozinho? talvez...finalmente o céu cinzento se mostrou diante de mim mais uma vez, talvez ele fosse o mais real que pude perceber naquele dia, talvez mais real que a porta que se abriu minutos antes. Se desenrolava diante de mim algo que continuava sem se definir real ou não. Paradoxal e cruel. Ao mesmo tempo, minha presença parecia não fazer muita diferença, talvez eu não faça parte disso, não sei...

Finalmente tomei o rumo que costumo tomar nos outros dias, o turbilhão se dissipou como a chuva que agora dava lugar à um sol tímido. Finalmente percebi que não mais faz dirença se era real ou não. Não mais. Quem sabe um dia eu tome um outro rumo novamente. Quem sabe o que um dia aquela porta vai me trazer? Paradoxal e cruel...

De volta aos trabalhos braçais.

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