sábado, 31 de janeiro de 2009

Um nível acima

- Me sinto preso. Não é algo físico, porque isso não faria sentido. Por outro lado, até me agrada a idéia, e por isso mesmo não procuro minha libertação. O grande perigo disso é que a libertação pode ser um passo doloroso e complicado, desses que um homem só dá se for forçado a isso. É nessas horas também que até o melhor dos homens se afoga em álcool na esperança de afogar as mágoas e tudo que consegue é uma noite mal dormida e uma tremenda dor de cabeça no dia seguinte...

Várias vezes me disseram: você tem meu telefone, me liga. Parece simples, não? Na verdade não. O telefone várias vezes é uma das máquinas mais difíceis já inventadas pela humanidade. A simplicidade aparece por que quem fala não é quem passa pelo momento. Seguir meu rumo é o melhor que eu posso fazer e é o que farei. Na pior das hipóteses seguirei sozinho.

E daí? Não me lembro de ter caído em nenhuma brincadeira de mal gosto armada pela vida quando tinha a total consciência de estar sozinho. Mas a prisão de que falei torna as coisas um pouco mais complicadas. Você tem meu telefone, me liga.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Lucidez

A lucidez, no fundo, não passa de um grande ponto de interrogação:

-Será que estou gordo?
-Essa calça cai bem em mim?

A dúvida, na verdade, é sintoma da lucidez. É a falta de certeza que dá o sintoma da visão clara do mundo. Afinal, o que é esse mundo? não sei e isso não vem ao caso. Já a loucura, é uma certeza quase indiscutível:

-Eu não sou gordo.
-Como não? olha só, aquele ator da tevê é mais magro que você. Você tá doido, precisa de um regime.

Tem também uma outra variação do tema:

-Eu sou Napoleão.
-É claro que não. Venha tomar seus remédios.

Gente lúcida não tem certezas. Tem dúvidas. Pontos finais seguidos são duvidosos. Não ouça quem acha que sabe. Interrogações são boas. Sim. Boas. Pontos finais ruins. E ponto.

Onde foi parar o juízo desse mundo?