sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Uma donzela

Jamais será eu
Jamais você

Jamais

Jamais

Jamais o olhar atravessado
O sorriso cortado pelos tempos
Que passaram por mim

Jamais será a estrela que pouco brilhou
E morreu, sem ser notada

Jamais será a donzela que um dia me mereceu
Jamais será um homem como eu
Que pouco fez e muito recebeu.

Jamais a liberdade lhe bastou
Ou a beleza de um amor
A lágrima agora me diz:
Tanto procuraste, agora me achaste.

Jamais

Jamais

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Solidão

Aqui, sentado, começo a escrever.

As portas fechadas ao meu redor denunciam minha solidão. Não é física. Nem emocional.

Se trata, na verdade, daquela hora de encontro comigo mesmo, aquela hora que as coisas e pessoas que realmente importam vêm à minha mente e se tornam foco principal da minha vida. E a primeira pessoa que me vem sou eu.

E eu venho preenchido por algo que de torna totalmente feliz, mas que eu não sei explicar bem. Isso basta em si mesmo. Porém, não alivia a necessidade da presença, essa presença que não está.

A porta está fechada, lembra?

Totalmente paradoxal. Está mas não está. Na verdade, o que está não é o que eu quero, daí a solidão. Eu quero mais. Eu quero a razão da vida, que eu não faço idéia do que é. Se você souber, me diga.

É aqui, na ausência, que eu faço meu encontro comigo, afinal. É aqui, na ausência, que eu faço meu encontro contigo. No meu mundo. No meu ritmo. Você entende agora? Acho que sim...


"Só você tem a cura do meu vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi."

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Sobre caixas

Num certo tempo, coloquei minhas coisas em caixas. Coloquei onde as coisas cabiam. Algumas eu forcei a barra para que entrassem em caixas não muito ajustadas pro seu tamanho.

Guardei minhas caixas comigo, em lugar seguro. Aquelas coisas guardadas podiam ser incômodas naquele tempo, mas quem sabe depois? As caixas tinham formas fáceis de organizar e de entender. O contrário de muitas das coisas que guardei. Essa é uma das funções das caixas.

Caixas também são ótimos enfeites. As minhas eram lindamente decoradas do meu jeito e me agradavam bastante. Ficavam quietas e exerciam sua função perfeitamente.

Muito tempo depois, resolvi abrir as caixas. Caixas fechadas às vezes nunca são abertas por que isso é mais cômodo. Mas as caixas me reveleram um lindo presente que eu guardei pra mim mesmo, sem saber. Tirei tudo de lá e botei num lugar muito especial.

Agora penso que algumas das coisas que tirei querem, por vontade própria, entrar em novas caixas. Algumas outras coisas eu botei em novas caixas por vontade minha.

Essa é a essência da mudança que vivemos agora. Eu e você.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Rápido

Ela entrou no carro. Seus olhos brilhavam confiança e um pequeno sorriso denunciava sua consciência de ter tudo no controle. Acertou o banco e cada um dos retrovisores cuidadosamente, colocando o ponto cego exatamente onde queria.

Rodando a chave, sentiu o ronco do motor, que soou como música para seus olvidos. Tinha em sua mente a rota a ser trilhada de maneira clara, do jeito que estava no mapa.

Um mapa não é a realidade.

Acelerou, confiante. Os faróis brilhavam, dando certa visibilidade à frente. Algumas curvas, algumas retas, névoa.

Faróis não iluminam o infinito.

Algum tempo depois, percebeu não saber exatamente onde ia. Percebeu que o motor, antes confiante, agora era incerto. O caminho se tornou incerto. O sorriso se desfez em uma mistura de resignação e tristeza querendo, talvez, voltar atrás. O olhar já não sabia o que fazer. A confiança se foi e ele se perdeu num infinito que terminava à sua frente.

Será que dá pra voltar agora? Será que devo tentar voltar? Existe retorno?

Enquanto pensa, o motor funciona levando-a à frente, sem a exitação que aquele olhar assumiu.


"Llevo en mi cuerpo un dolor que no de deja respirar. Llevo em mis manos un camino que no tiene destino."

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Confissão

Ali, sentado na areia, te vi chorar ao longe, com os olhos voltados para o mar. O motivo real eu nunca saberia. Mas me levantei e te trouxe para o meu lado de novo. Pouco tempo depois, cometi, pela segunda vez, o mesmo erro que tanto tinha me trazido arrependimento...

Paguei caro. Vejo agora, tempos depois, o que realmente eu deveria ter feito desde a primeira vez. Mudei. E me tornei realmente importante e não apenas mais um entre outros. Obrigado por ter me dado a minha terceira chance.


"Se no te hablo será porque prefiero ser el dueño de mi silêncio. Creo que lo mejor sea que te olvidas de mi."

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Constelação

Lá em cima elas se formam...não sei discenir, nunca soube. Quem nunca olhou pro céu procurando algo que racionalmente não sabe o que é, mas o coração sabe bem?

Foi lá que a estrela cadente rasgou a noite e eu pedi a minha felicidade. Não pra estrela. Eu pedi algumas vezes coisas diferentes... e Ele nunca falhou comigo, nenhuma vez sequer. E dessa vez não é diferente. Dessa vez pedi coragem. Coragem pra fazer o que deve ser feito.

Não é muito, na verdade. Eu olhei pra cima e vi como somos pequenos. Mas na minha pequenez preciso mudar, apesar das lágrimas que desceram daqueles olhos que não puderam olhar nos meus por alguns momentos.

Imensidão infinita. Estou em paz. Estou feliz. O céu muda... a estrela cadente desapareceu tão rápido quanto surgiu. As coisas mudam, assim sempre foi e assim será. Peço humildemente que Ele ilumine meu caminho e o caminho de todos nós.

"Descobri em você a minha paz
Descobri sem querer a vida"

Essa não passa em branco

Bem feito.

Pra esses bambis verem quem é "pequeno".

http://tinyurl.com/ykmylat


Acho que vou ganhar uma camisa logo, logo...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Por inteiro

Assim sou. E assim continuarei sendo. Uma totalidade ambígua, paradoxal, que tenta se entender todo dia um pouco mais.

Assim sou e assim você é. Assim é meu amor por mim e por você. Inteiro, que não se contenta com partes.


"Eu sei que jogos de amor são para se jogar.
E não venha me explicar o que eu já sei."

sábado, 3 de outubro de 2009

Fala

A fala é a fala da verdade. Ás vezes parcial, ás vezes omitida em parte, mas verdade.
A fala da verdade pode ser doce, pode ser dura. Pode ser aquela que não queremos ouvir.
Pode ser aquela que precisamos ouvir, apesar de não querer.

Você quer ouvir?

Nós merecemos a fala da verdade. Qual é a sua verdade? Qual é a minha?
Ela fala no coração. Se abafada, ela grita. Está lá, não adianta negar. Agora eu sei.
Se ignorar o grito, ele vem de fora, daquelas pessoas que assumem esse papel de verdade.

Fala sincera, que bate de maneira doce, mas forte. Se for separada da ação, provoca a culpa. Fala que todos ouvimos. Ou pelo menos deveríamos ouvir sempre um pouco mais.

Será que eu quero ouvir? Será que eu preciso? Eu mereço. E você também.


"De hoje em diante vou modificar o meu modo de vida. E agora não vou mais ficar, cansei de chorar e de esperar, enfim...
E pra começar, eu só vou gostar de quem gosta de mim"

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Tarde

Para seu choro
Para minha felicidade
Para seu arrependimento
Para o seu perdão

Agora é tarde

Para a sua mudança
Para a minha mudança
Para alguma atitude
Sem nenhuma esperança

Esperança de mudança
Mudança que não chega
Que não chegará

Agora é tarde

Tarde demais pra voltar
Porque já não temos mais volta
Tarde demais pra pensar
Que o mundo espera
Que o mundo me espera

Agora é tarde

Tarde de sol se pondo
Tarde de vento fresco
Tarde que termina mais uma jornada
Tarde que prenuncia o novo

Agora é tarde