quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A intensidade que você tanto quer!

Cheguei.
A multidão se aglomerava. Umas 20 ou 25 mil pessoas. Fui logo pra frente, isso é imperdível! desde a minha adolescência esse tipo de coisa é totalmente incrível. E avassaladora!

Dois bumbos, 5 e 6 cordas devidamente distorcidas e amplificadores gigantes, pra botar tudo abaixo de verdade. Começa.

Under a pale grey sky we shall arise!

Empurra. Empurra. Abre a roda, alguns murros. Correria insana. Empurra. Pulos e cabeças.

Uma moça pequena do meu lado simplesmente desaparece...não tenho idéia de que fim levou. Mas não tinha briga. Nunca tem. Não tem jeito: é mais fácil achar briga nas micarês. Digo isso até que me provem o contrário. Intensidade extrema, sem apelação.

No conformity in my inner self!

Refuse, Resist! Saí. Não dei conta. Mas que absurdo! Isso é uma vergonha! primeira vez em quase dez anos que eu preciso fazer isso! inadmissível sob qualquer aspecto. Acho que tô ficando velho... que merda.

Roots Bloody Roots!

Acabou. Dispersão. Coitados dos caras de Goiânia que entraram depois...fiquei com pena. Sério.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A Casa dos Loucos

João vira pra Maria:
- Vamos embora. Eu to cansado e quero tirar essa calça.
- Nós vamos na hora que o motorista quiser.
- Nós viemos de motorista?
- Você não se lembra? isso tem menos de vinte minutos.
- Eu quero ir pra casa. Tá tarde.
João se levantou e foi pra sala, Francisca faz o caminho contrário e encontra Maria:
- Não sei como você tem paciência, Maria...ele tá ficando louco já...
- Vou jogar ele na piscina pra ver se passa!
- Eu comi um pão bom ontem.
Na sala, João encontra Pedro.
- Foi você que nos trouxe aqui?
- Foi sim, João. Eu tava dirigindo.
- Que horas você vai embora?
- As onze. Eu vou pra piscina.
- Piscina nesse frio?
- Claro!
Pedro sai correndo e pula na piscina, molhando as duas que estavam do lado de fora. João sai e vai ter com Francisca e Maria.
- Eu quero ir embora, to com calor nessa calça.
Francisca responde:
- Pula na piscina igual o Pedro.
- Mas nesse frio? tá louca?
Maria entra na conversa:
- Tá calor mesmo!
Maria tira a blusa e levanta a saia.
- Mas que indecência é essa?
- Indecência é ficar nesse calor, João!
- Será que tá passando futebol?
- Prefiro a novela. Você vê a novela, Pedro?
- Não...não gosto. Prefiro ver o cachorro dormindo. É mais emocionante. Olha lá!
- Tem razão! O cachorro dormindo é mais emocionante.
Vem João de novo falar com Maria:
- Não sei ligar a tevê. Vamos embora.
- Você parece um gato...não pára quieto um minuto!
- Que gato? nunca vi gato lá em casa.
- Não to falando lá de casa.
- Pedro, foi você que nos trouxe aqui?

Pedro, então, desiste, sai da piscina, toma um banho, pega o carro e vai embora com todos de volta pra casa.

Como diz o velho deitado: de perto ninguém é normal.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Presença

Ato 1

Tinha doze anos de idade. Minha família saiu de casa por algum motivo que não me lembro e eu fiquei sozinho. Terminei meus afazeres e, na minha rotina de menino, fui ver desenhos animados na televisão, no outro quarto.

Sentado, vendo tevê, ouvi o rangido de uma porta sendo fechada ou sendo aberta. Ouvi o tilintar das chaves sendo movidas. "Minha família chegou" pensei. Levantei e fui até a sala.

Não tinha ninguém e a porta seguia fechada. Voltei, sentei naquele velho sofá que nem temos mais. Ouvi passos na sala e o "bip" característico das teclas do telefone sendo tecladas. Discando um número qualquer. Fui até lá e não vi nada. Ninguém. E o telefone no gancho.

Ato 2

Estava sentado na sala de uma pessoa amiga que não mais está do meu lado. Essas coisas da vida. A pessoa estava à minha direita, no sofá, mas eu olhava para o outro lado, em direção à um filme.

Percebi que tinha chegado mais alguém na sala, por certo estava atrás do sofá à minha direita. Me virei pra ver quem era. Só vi o sofá, aquela pessoa, e a parede atrás.

Ato 3

Parei o carro na vaga e me preparei pra descer. Pelo retrovisor do meio alguém passou. Pelo outro não. Desapareceu antes que o espelho fosse capaz de captar, antes que eu pudesse ter reação.

Ato 4

Deitado em minha cama, podia ver a sala, as portas de um dos outros quartos e a porta da cozinha. Uma das luzes estava acesa, dando uma visão tranquila do ambiente, apesar de não ser total. Lá na cozinha, porém, tudo apagado e era escuro. No quarto que podia ver, estava escuro também mas podia ver o piscar da televisão ligada refletindo na porta e na parede.

Uma pessoa saiu do quarto e entrou rapidamente na cozinha.

-Alguém aí saiu do quarto?
- Não. Estamos deitados aqui vendo tevê.

Ato 5

Estava sentado na mesa da sala, lendo. Na minha frente, a janela dava visão ao quintal grande, cheio de árvores e à parte da calçada que compõe a varanda. Nessa parte da varanda, o cachorro estava deitado, tomando sol. Naquele dia estávamos em casa eu, mais uma pessoa e o cachorro (claro).

O homem saiu de trás de uma das árvores. Vestia calça e camisa sem manga azul. O cabelo era curto e a pele clara. Eu o vi de lado, lá fora, no quintal. Ele não se virou em nenhum momento, parecia ter plena consciência e segurança que nada podia notá-lo. Entrou por trás de outra árvore e sumiu.

O cachorro seguiu dormindo tranquilamente.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Um pouco mais do mesmo

Você não é o que eu penso, ou pensava.

Você é mais.

É capaz de fazer coisas totalmente imprevisíveis na minha limitada visão das coisas e, por isso mesmo, muda as coisas de acordo com sua vontade.

Não entendo o que acontece. Mas, sinceramente, não quero entender. Sentir me basta.

Até porque não seria capaz de entender ou de reproduzir, sua percepção do mundo é exclusiva e eu nada posso fazer. Sua ação ás vezes me é visível, mas as verdadeiras movimentações, aquelas que realmente importam, acontecem onde eu não chego.

Onde você vai além.

Você não segue as regras do meu jogo e nem do seu próprio, faz e desfaz onde eu jamais imaginaria ser possível, naqueles lugares que eu julguei imutáveis.

O meu julgamento não te serve. Meus parâmetros são falhos e a minha percepção distorcida.

Você é superior. É aqui que, afinal, nos tornamos iguais.

Mas, o mais importante a dizer disso tudo é que a recíproca é verdadeira. Hoje mais do que nunca.


"Brigar pra que, se é sem querer? Será que vamos ter que responder pelos erros a mais?"

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Introdução à crítica discursiva do conteúdo sócio-epistemológico refletido em si mesmo


O grande objetivo da sociologia é construir uma crítica construtiva das diversas concepções da dialética limitada, ou não, baseadas na inversão epistemológica do a apriori material da ação racional com relação à fins interiorizada de maneira externa, geral e coercitiva na estrutura estruturada e estruturante do habitus do campo.

É importante lembrar que para isso é preciso indagar sobre as bases conceituais das camadas do discurso tomado como produtor de verdade na medida da concepção limitada pela incapacidade cognitiva inerente ao indivíduo dependente do fluxo temporal da performance sistematicamente desarticulada pela liquidez institucional.

Ora, se levarmos em conta que as redes que compõem os sistemas de comunicação são exteriores e interiorizadas dentro da mesma estrutura mencionada acima, temos que a orientação da conduta a ser analisada de um ponto de vista jamais totalmente e reciprocamente imparcial são determinadas de modo racional pelo observante desde que tomadas as precauções típicas da observação parcial com vistas à produção científica das leis da física social qualitativa pregada pela teoria transcendental, racional, social e, acima de tudo, independente do modo produção organizado de maneira estratificada e precarizada típica da hiper-modernidade ideológica.

P.S. Post originalmente publicado no dia 27 de abril de 2009, sob o título "Homo Socyologykus" (e a foto era outra!).

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A ponte (que não existe)

Não dá.

Voltemos à primeira opção. Ela que é muito mais real e que me interessa muito mais, ela que se mostrou daquele jeito que, por enquanto, eu não consigo descrever.

A ponte dá muito mais trabalho...

A ponte

Eu quero que a minha seja de concreto, com armações de ferro e proteção contra terremotos. Quero 3 pistas em cada sentido e passagem pra pedestres nas laterais, do lado de uma ciclovia.

Será que dá?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mais do mesmo

Eu não sou o que você vê. E nem o que você acha de mim.

Eu sou maior.

Eu vou além.

Tenho razões que você não pode entender e ajo de formas que você não pode explicar. Eu sou maior que a sua capacidade de percepção e de visão. Meu raio de ação é muito maior do que você imagina e meu mundo é muito mais vasto que você pressupõe.

Posso perfeitamente conquistar o mundo se eu quiser. Posso perfeitamente mudar o mundo do jeito que eu quiser. Do meu jeito. Eu não ajo segundo suas regras e nem respeito o seu jogo. Pelo contrário, eu jogo enquanto for conveniente.

As limitações que você vê não são nada perto da minha vontade e das minhas decisões. Não me importa o que você diz, o que você faz, o que você deixa de fazer. Tudo isso só me afeta na medida em que eu permito isso.

Posso sumir se eu quiser, posso voar se eu quiser. A minha mente é muito mais ampla do que sua capacidade de tentar entender tudo isso.

Não use seus parâmetros comigo. Não vai funcionar. Eu não sou nebuloso e confuso. Sou claro, do meu jeito. Penso, percebo, manipulo e sinto de formas que você jamais será capaz de fazer, de se aproximar, ou de entender.

Mas, acima de tudo, o mais importante a dizer é que a recíproca de tudo isso é verdadeira.



"Ás vezes você me pergunta porque eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada e nem fico sorrindo ao seu lado
Você pensa em mim toda hora,
Mas saiba que eu estou em você, mas você não está em mim"

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Abre aspas

Eu já tentei de tudo pra me modificar:
Os vícios eu larguei e até Deus fui procurar
Mas num mundo tão honesto não há lugar pra mim
Todos dizem a verdade
Só eu sou falso assim...

E essas pessoas tão sinceras andando pelas ruas
Me fazem lembrar que eu não passo de um panaca!

Eu não presto!

É você se olhar no espelho e se sentir um grandessíssimo idiota,
Saber que é humano, rídiculo e limitado
Que só usa dez por cento de sua cabeça, animal...
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que tá contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social...

Eu não presto!


Fecha aspas.

domingo, 13 de setembro de 2009

Confissão

Acordei, quando vi que algumas vezes que somos deixados em pedaços não há nada que possa curar.

Nem amor,
Nem desespero,
Nem medo,
Nem pessoas,
Nem solidão,
Nem raiva,
Nem resignação,
Nem a felicidade,
Nem a tristeza,
Nem os seus olhos
E nem o meu choro.


"Solo quiero decirte adiós"

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Alto

Me preparei durante muito tempo. Muito tempo. Me firmei finalmente, agora não existem mais pesos insuportáveis pra levar, pra me impedir, enfim. E me deu um trabalho absurdo me livrar deles...

Agora nem olho mais pra eles, eles ficaram no passado, que é o lugar deles. Minha leveza agora me acompanha e o alívio veio junto. E a hora chegou. Saí das sombras, a noite chuvosa e solitária se acaba, deixo o submundo obscuro que eu mesmo construí...

Firmei as bases, olhei pra cima. O céu me espera, afinal. Levantei vôo, suave, com calma. No início o espaço me assutou. Antes não me movia, preso. Agora tenho espaço de sobra...o que fazer?

Simples: aproveitar.

"- Bem vindo ao meu mundo, onde as pessoas não andam, flutuam!"

Passei a brincar com nuvens, a voar e ver...e lá de cima vi como somos pequenos. Vi a imensidão das coisas que não vemos quando acorrentados estamos. Tomando velocidade...lagos rios e mares...cidades. Florestas e montanhas. Simples? Não. Lindo, sim. Bastante...o espaço vazio se torna liberdade. De movimento. De pensamento. De ação. Ou simplesmente de contemplação.

Flutuando, olhei para os lados. Outros estavam lá. Não eram rostos impassíveis como aqueles do corredor...e nem distraídos no seu egoísmo como os donos dos copos...não eram a dúvida encarnada e nem eram o vazio das trevas noturnas...

Brilhavam.

- Deixei de ver vultos pra ver luzes?

Parece que sim. Flutuavam e me viam, alegres por eu estar ali. Sorriam e me convidavam para brincar com eles. Nunca havia esperimentado algo igual. É assim que se sentem as pessoas quando são amadas? deve ser...mas nunca me viram, como pode ser possível?

Percebi que isso não fazia muito sentido. A luz torna as coisas tão lindas e puras que aqueles rostos um dia sombrios agora eram claros, leves, flutuantes como eu. O vento vinha e levava minhas dúvidas, levava o que restou daquilo que eu era antes.

Brinquei por um tempo que pareceu uma eternidade. Mas eu sei que não foi muito. Mas foi a maior de todas as felicidades. Voltei para o chão, que agora brilhava com o sol lá em cima, com aquele calor aconchegante. Olhando para os lados de novo, vi aquelas pessoas que brincavam comigo. Estavam ainda do meu lado, tinham descido comigo e queriam andar do meu lado. E essa foi, sem dúvida, a maior mudança de todas.

Como é um mundo claro? Um mundo onde o ar é leve? Como....?


"Tiro do céu uma nuvem e vejo que é de algodão. E vai, sem demorar, virar chão..."

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Liberdade relativa

-HAHAHAHAHAHA!
-Do que você ri?
-rio da vida! é hilária!
-você acha?
-Lógico, você passa um puta tempão fazendo besteira. tem que rir mesmo!
-você tem até razão.

Lanvata, pula, corre, grita e viva! Não se reprima!

-calma, não é bem assim!
-claro que é! porque não seria?
-não sei! eu deveria saber?
-se você diz, deve saber. o que eu sei é que não sei do que você sabe.
-hein?
-não importa. pára de complicar.
-eu?
-é. você. é você que não sabe, eu sei bem.
-sabe de que?
-do que você precisa. do que você quer. do que espera.
-ah é? e o que eu preciso fazer?
-disso eu não sei.

-e você? sabe?


"Tento escapar dessa prisão rumo a um paraíso, sem olhar pra trás."

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Fluxograma

Ás vezes é melhor ficar calado.
Calado a esperar, calado a observar. Deixar perceber aquilo que não é dito.

Calando, deixamos que a percepção faça o seu trabalho, ás vezes iludindo, ás vezes mostrando o jeito que realmente é aquilo que tantos tentam falar.

Outro dia falei sobre o silêncio. É bem aquilo mesmo. Calar é deixar que fale as outras vozes que são muito importantes, ás vezes as mais importantes. Já ouvi e entendi muita coisa assim.

Tem gente que tem habilidade incrível de falar com um olhar...

E falando quando não devo provavelmente calei esse olhar. Na verdade, falar é bem fácil. Difícil é fazer. Eu sou um aprendiz. Me engano e entro em dúvidas complicadas por ter a confusão da percepção do meu lado.

Dizem por aí que amigos são os anjos que Deus manda pra cuidar de nós. Penso ser verdade isso tudo. Mas, de verdade, esses anjos me são mais claros quando me calo nas horas certas, me falam de coisas tão profundas que palavra nenhuma seria capaz de falar. Só o olhar consegue. só a presença consegue. Só um toque.

Essa verdade é tão óbvia que nem sei se faz algum sentido escrever sobre isso. Até porque penso que quem assim não vê terá sua hora certa, e vai ver que a verdadeira ação construtiva e salvadora de consciências perturbadas vai muito além de só falar. Vai muito além de só calar. Vai além.


"Uma menina me ensinou quase tudo que eu sei."