sábado, 25 de setembro de 2010

O homem-deus- Parte 1

Quando olhamos para frente, não somos capazes de ver, simultaneamente, o que se passa atrás. Do mesmo jeito, ao nos virar para trás, não vemos o que agora está nas nossas costas. Pensando assim, nosso nariz é capaz de perceber muito menos aromas que espécies animais de vários tipos, entre elas os cães.

De toda forma, são nossos sentidos que nos permitem perceber de algum modo o mundo ao redor, sendo eles limitados e totalmente incapazes de captar a realidade no seu total ao mesmo tempo. E ainda assim podemos ser enganados. Ilusões estão para isso mesmo. confundimos o que vemos, o que sentimos e o que pensamos.

Então, o que fazemos? quando alguém se atrasa para um compromisso, por exemplo, nos diz que bateu o carro. Ora, este é apenas UMA das coisas que desencadearam o fato de bater o carro. Ninguém fala a maneira como acordou, as horas que açmoçou para explicar o atraso. se tivesse almoçado mais cedo, provavelmente passaria por aquela rua X mais cedo e não teria o encontro fatídico com o outro veículo. Isso não é de fato relevante segundo essa nossa percepção.

Separamos, pois, o que parece ser mais importante. Tiramos outras coisas e simplesmente ignoramos outras por não saber que elas existem. Não víamos, não sentimos, não ouvimos. Platão percebia este tipo de coisa em seu A República, no mito da caverna. Vemos sombras que não são a realidade. Não têm a mesma riqueza.

Assim operam também cientistas. Chamam a isso de raciocínio modelar. Cria-se um modelo onde estão excluídas grandes partes da realidade para entender um pedaço específico que interessa. Que julgamos importante. É assim que é. Até que me convençam do contrário, a ciência não é capaz de explicar a tudo, assim como nós não somos capazes de ver tudo.

Não sabemos tudo sobre a nossa sociedade, nosso corpo e nosso mundo. Não é por falta de tempo. há séculos que nosso conhecimento se desenvolve. É certo que sabemos cada vez mais, mas também é certo que não sabemos tudo. Certamente nunca saberemos tudo. Certamente a ciência sempre será incompleta e nunca será capaz de explicar tudo ao mesmo tempo e agora.

Saber que minhas células gastam energia de certa forma pode explicar muita coisa. Mas não explica porque bati o carro. As leis da física clássica podem explicar muitas coisas, inclusive a batida. Mas não explica todos os meus processos celulares. Posso ficar elencando infinitos exemplos.

Entendam, meus leitores. A ciência não pode explicar tudo ao mesmo tempo.

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