Acelerei debaixo de muita chuva. Aquela água toda solapou meus pára-brisas como uma cortina cinza que se fechava bem na minha frente, à poucos centímetros.
Á frente, tudo sumiu. A estrada, os morros, plantações, outros carros. Tudo mais. A tensão subiu por minha espinha, misturada à minha ansiedade, minha felicidade.
À trezentos por hora. Na sua direção.
"Eu vou organizar algumas mudanças em minha vida
Eu vou pegar o carro e desbravar estradas abertas"
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Sexta, 15 de agosto de 2008
eu vi um cachorro andando na praça
não tem mais ninguem
só um cachorro andando na praça
eis que aparece outro cachorro
e mais outro
e dominam a praça
andam e correm por todos os cantos da praça
correm
passam pelo coreto
sem a menor cerimonia
sem falar nada
eis que alguma coisa acontece na rua
e os cachorros não fazem nenhum discurso no coreto
eis que acontece alguma coisa no outro lado do mundo
e a boca dos cachorros não diz palavra
e eles dominam a praça
a praça é deles
dos cachorros
sem nenhuma cerimonia
eles dominam a praça
Rafael Barbosa Chagas
sábado, 26 de dezembro de 2009
Presente
Não merecia
E minha boca não disse palavra
Palavra alguma, por respeito
, dignidade
, vergonha
Isso pesa em mim
Pesou em você
E em você também.
Nós sabemos
Que a boca não diz palavra
Mas o coração grita
, chora
, sangra
O perigo para mim se desfez
E a solidão se fez
Presente mais uma vez
E minha boca não disse palavra
Palavra alguma, por respeito
, dignidade
, vergonha
Isso pesa em mim
Pesou em você
E em você também.
Nós sabemos
Que a boca não diz palavra
Mas o coração grita
, chora
, sangra
O perigo para mim se desfez
E a solidão se fez
Presente mais uma vez
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Profundo
Vem da alma
Fundo
Fundo
Vem da mais funda verdade
Onde moral nenhuma consegue chegar
Pode construir
E pode desmoronar
O que fiz?
O que farei?
E agora?
Fundo
Fundo
Vem da mais funda verdade
Onde moral nenhuma consegue chegar
Pode construir
E pode desmoronar
O que fiz?
O que farei?
E agora?
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Controle
Tenho uma vontade
Banhada pelo sangue
De um coração reprimido
Uma vontade que vale a pena
Pela falta que faz
Tenho uma cabeça
Sensata, sabe o que faz
Controla o que não deveria ter controle
Você entende o que digo?
Nos meus piores momentos
Estive longe, sozinho
Mas a vontade vale a pena
Pela falta que faz
Banhada pelo sangue
De um coração reprimido
Uma vontade que vale a pena
Pela falta que faz
Tenho uma cabeça
Sensata, sabe o que faz
Controla o que não deveria ter controle
Você entende o que digo?
Nos meus piores momentos
Estive longe, sozinho
Mas a vontade vale a pena
Pela falta que faz
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Sangramento
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho
Entenda:
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é só você que tem a cura do meu vício
Tentei chorar e não consegui...
Entenda:
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é só você que tem a cura do meu vício
Tentei chorar e não consegui...
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Agressão e repressão

Sim, agressão e repressão. Foi isso que a Polícia do DF fez contra pessoas indignadas com a vergonhosa onda de sujeira que apareceu no GDF nos últimos tempos. A polícia agiu agredindo covardemente pessoas deitadas no chão, que nem se mexiam. A polícia agiu agredindo covardemente a liberdade de expressão e o direito de ir e vir, cláusulas pétreas da constituição de 1988.
Pra completar, um comandante da Polícia demonstrou sua total falta de preparo, controle psicológico e truculência rolando pelo chão com um dos cidadãos. Certamente, os demais policiais carentes de um mínimo de treinamento obedeceram cegamente, sem bom senso e sem hesitação esse (des)comando que cai, no fim das contas no (des)governo de Arruda e sua máfia.
Como se não bastasse o festival de ridicularidades, panetones, maços de dinheiro, meias e afins, o dito comandante foi à imprensa mostrar mais uma vez seu total descontrole, truculência e violência em uma entrevista, onde precisou ser contido por um policial ao seu lado.
Não vou aqui dizer que isso é um problema de toda a Polícia. Muito pelo contrário. A Polícia é uma institução importante, mas desde que seja pensada, comandada e construída por pessoas dignas e não por bandidos que deveriam estar fora de circulação.
Sim, burros somos nós que botamos vocês onde vocês estão.
"É preciso mudar o sistema policial por que nós já estamos cansados de agressão e repressão"
Ratos de Porão
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Imaginável
Eu poderia calar
Mas falei
Poderia pensar
Mas fiz
Chorei em vez de rir
Na tensão fiquei em vez de curtir
Você pode imaginar?
Eu imaginei
Tornei real
Aquilo que não pensei
Você pode entender?
Acho que não
Não como eu
Que sou louco,
Corajoso,
Imprevisível,
Mas confiável
Mas aquilo que não mente
Foi o que fiz
Algo que me sustente
E que alimente
Aquilo que me diz:
"Você não existe"
Dá pra imaginar?
Mas falei
Poderia pensar
Mas fiz
Chorei em vez de rir
Na tensão fiquei em vez de curtir
Você pode imaginar?
Eu imaginei
Tornei real
Aquilo que não pensei
Você pode entender?
Acho que não
Não como eu
Que sou louco,
Corajoso,
Imprevisível,
Mas confiável
Mas aquilo que não mente
Foi o que fiz
Algo que me sustente
E que alimente
Aquilo que me diz:
"Você não existe"
Dá pra imaginar?
domingo, 6 de dezembro de 2009
Seis anos
E por falar em saudade
Onde anda você?
Onde andam seus olhos
Que a gente não vê?
Onde anda esse corpo
Que me deixou morto
De tanto prazer?
E por falar em beleza
Onde anda a canção
Que se ouvia na noite
Dos bares de então
Onde a gente ficava
Onde a gente se amava
Em total solidão?
Hoje eu saio na note vazia
Numa boemia
Sem razão de ser
Na rotina dos bares
Que apesar dos pesares
Me trazem você
E por falar em paixão
Em razão de viver
Você bem que podia
Me aparecer
Nesses mesmos lugares
Na noite, nos bares
Onde anda você?
Hoje eu saio na noite vazia...
"Onde anda você", Vinicius
Onde anda você?
Onde andam seus olhos
Que a gente não vê?
Onde anda esse corpo
Que me deixou morto
De tanto prazer?
E por falar em beleza
Onde anda a canção
Que se ouvia na noite
Dos bares de então
Onde a gente ficava
Onde a gente se amava
Em total solidão?
Hoje eu saio na note vazia
Numa boemia
Sem razão de ser
Na rotina dos bares
Que apesar dos pesares
Me trazem você
E por falar em paixão
Em razão de viver
Você bem que podia
Me aparecer
Nesses mesmos lugares
Na noite, nos bares
Onde anda você?
Hoje eu saio na noite vazia...
"Onde anda você", Vinicius
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Do céu que adoece
E ele sentou na minha frente. Olhou nos meus olhos tão profundamente que só eu mesmo seria capaz de fazer. O alvo das cortantes palavras disparadas de maneira dura agora era eu.
Construídos como uma fortalezas quase indestrutíveis feitas de imagens, cada um dos meus argumentos se tornou pó. Cada uma das máscaras caía até que só a essência restou.
E então vieram as palavras.
Num passado não tão distante, tais olhos se viraram em outras direções. Agora, virados para mim, fizeram surgir todas as maiores vergonhas, os maiores defeitos, que eram cuidadosamente protegidos por mecanismos agora totalmente desmontados e inúteis.
Quem iria querer estar do lado de um homem como eu?
Finalmente, a lágrima caiu. O desespero de esperar pela sentença atingiu cada um de meus pensamentos. Suor. Frio.
A surpresa me veio quando finalmente tive coragem de olhar para meu cruel inquisidor, veio como um jorro de incredulidade. Um banho avassaldor de auto-conhecimento.
"Nunca me abri desse jeito
Nunca me inportei com os jogos que jogamos
Vindo do coração, podemos ser muito mais
E nada mais inporta."
Construídos como uma fortalezas quase indestrutíveis feitas de imagens, cada um dos meus argumentos se tornou pó. Cada uma das máscaras caía até que só a essência restou.
E então vieram as palavras.
Num passado não tão distante, tais olhos se viraram em outras direções. Agora, virados para mim, fizeram surgir todas as maiores vergonhas, os maiores defeitos, que eram cuidadosamente protegidos por mecanismos agora totalmente desmontados e inúteis.
Quem iria querer estar do lado de um homem como eu?
Finalmente, a lágrima caiu. O desespero de esperar pela sentença atingiu cada um de meus pensamentos. Suor. Frio.
A surpresa me veio quando finalmente tive coragem de olhar para meu cruel inquisidor, veio como um jorro de incredulidade. Um banho avassaldor de auto-conhecimento.
"Nunca me abri desse jeito
Nunca me inportei com os jogos que jogamos
Vindo do coração, podemos ser muito mais
E nada mais inporta."
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